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Post Info TOPIC: Sentido das coisas

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Sentido das coisas
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Corredores estendem-se a perder de vista, tal ruas que cruzam umas com as outras. As cores são quase sempre desmaiadas. Estão lá os sinais de trânsito, estão lá as regras, estão lá as violações e escapadelas a essas mesmas normas. Estão elevadores que descem e que sobem, levam e trazem gente que fala alto ou quase se esconde de susto. Estão as passagens desconhecidas. Saídas de emergência. Circula muita gente. Como sempre os mais preocupados a maior velocidade, os desistentes mais lentos. Há os que se integram perfeitamente no sistema, “é a despachar”, nada os afecta. Outras caras espelham incompreensão. Tudo lhes parece impossível. Passa um bando de esperanças e apesar do barulho é ar fresco!


Corredores frios e silenciosos que arrepiam à passagem. Um grito.


Corredores de rádio ligado e muitas histórias bonitas se contam enquanto se passeia, enquanto se fala da vida e se conquista a companhia. Com carinho ouve-se, aprende-se.


O hospital universitário pode ser comparado a uma cidade. Ali a cidade entra todos os dias e ali a organização, a forma de estarmos uns com os outros não se pode ignorar. Não se consegue ignorar.


Como estudantes de medicina encontramos os melhores e os piores mestres. Os acabados, os desesperançados, os ignorantes, os integrados no lado confortável do sistema que nada lhes exige. Há os outros que apelam! Que nos dizem bem forte que temos de estudar, temos de trabalhar, temos de estar ali para quem precisa e fazer bem. Fazer bem é uma frase que me tem balançado na cabeça. Outra frase: “o sentido que pomos naquilo que fazemos”. Duas frases que me exigem e espicaçam. Em todas as profissões podemos viver com o mínimo, fazer apenas o que somos obrigados, chegar tarde, passear-nos pelos serviços, beber café, e outro café, e mais um almoço prolongado, sair às 16h e eventualmente ir fazer dinheiro para outro lado. Quando se instituem mais horas de trabalho todos se revoltam… mas a verdade é que temos de trabalhar melhor! Temos de trabalhar mais. Na saúde pública tem de se trabalhar mais! Sobrinho Simões dizia ontem na grande entrevista, com alguma doçura, que os portugueses gostam de jogar a meio campo, que somos caçadores de espera atrás das moitas, poucas vezes nos queremos arriscar.



-- Edited by ines_patricio at 01:13, 2005-11-05

-- Edited by ines_patricio at 01:19, 2005-11-05

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Quando lia o texto parecia que estava a ler os meus dias. Talvez por estar a estagiar nos HUC ou talvez não! A realidade que vejo todos os dias em muito se parece com essa. Na função pública são mais livres, mas aqui liberdade não significa responsabilidade. Mas não deveria? As pessoas parecem que trabalham o menos que podem e quando vêem os chamados "revolucionários" é preciso cortar-lhes as asas porque incomodam. Incomodam porque despertam e lembram-lhes do que deveriam ser, porque lhes lembram do verdadeiro sentido das coisas, mas como ter força paea continuar a ser "revolucionário"?

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